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Eu peguei a indicação desse livro no vídeo da Giu Fernandes sobre dez livros para ler em um dia (não ler dez livros num dia, mas dez livros que, segundo a Giu, dá pra ler num dia. O que eu acho praticamente impossível, diga-se de passagem). Numa das minhas visitas à biblioteca, dei de cara com Anna e o beijo francês e, seguindo minha impulsividade compulsiva, peguei o livro pra ler. Foi a leitura perfeita pra ler depois do soco no estômago que levei com A pianista. Anna e o beijo francês é como sentar num banco de praça e tomar picolé de fruta num fim de tarde de verão. Um simples prazer, ou um prazer simples. Como queira.
Anna Oliphant é uma americana de 17 anos que vai pra Paris terminar o último ano da escola num internato para americanos contra a sua vontade. Anna não queria deixar sua vidinha pacata em Atlanta, sua melhor amiga Bridgette, seu caso amoroso em vias de se tornar algo mais e seu irmão mais novo. Ao chegar na cidade das luzes, Anna conhece Etienne St. Claire, um inglês lindo e simpático (ela tem quedinhas por britânicos), amigo de todo mundo. St. Claire tem namorada, óbvio. Mas quem disse que Anna tá a fim dele mesmo?
Stephanie Perkins soube descrever direitinho o que se passa na cabeça de uma adolescente apaixonada. Todas as dúvidas (será que ele gosta de mim? Ele estava me olhando agora? Por que ele iria gostar de alguém como eu?) e anseios tão naturais nessa fase da vida são explorados através da voz de Anna, em primeira pessoa. Eu me pegava sorrindo durante a leitura, relembrando das minhas paixonites de adolescente. As descrições das angústias e sentimentos são per-fei-tas de tão reais. O que não foi muito real, pra mim, foi o garoto estar a fim dela também (opa, spoiler!). Na vida real, isso nunca acontece, né meninas? É sempre aquela coisa de amor platônico que nunca se realiza.
A relação de Anna e St. Claire se desenvolve ao longo do ano escolar. Eles estão na mesma turma e têm outros amigos que compõem a turminha de Anna. St. Claire fica naquela de chove e não molha o ano inteiro, tipo amizade colorida. O que deixa Anna doidinha. Ela tenta se convencer o tempo todo de que só é amiga dele, que vai voltar pro seu quase-namorado no final do ano escolar, e que não vai quebrar o coração da sua nova amiga Meredith (todas as meninas têm uma queda por St. Claire).
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Em muitos momentos, a narrativa em primeira pessoa me pareceu limitada. Eu queria muito saber o que se passava na cabeça do St. Claire. Tudo é revelado no final, claro, mas eu fiquei curiosíssima durante o resto da leitura pra saber como ele se sentia e saber a sua versão sobre seus sentimentos. Mas o carinha é o amigo perfeito, sabe? Super compreensivo, apaziguador, popular, lindo. Aquele que é pra casar.
Logo que Anna chega na cidade, ele a leva pra conhecer Paris e a leva para catedral de Notre Dame, onde tem um marco zero. “É o início de tudo,” disse ele pra Anna, logo nas primeiras páginas do livro. Ali mesmo a leitora já se derrete toda (leitor homem não vai se derreter, né?). No feriado de Ação de Graças, quando todos alunos voltam pra casa pra comemorar com suas famílias, Anna e St. Claire ficam no alojamento da escola e dormem juntos, como amigos, claro. Palpitações fortes e suor frio definem.
O final é previsível, claro. Final feliz pra todo mundo, não sem muitos desentendimentos e brigas com diversos outros personagens, inclusive os protagonistas. O livro não é nada apimentado, pra quem tá curioso pra saber. A autora só alude aos sentimentos e à sexualidade dos personagens, sem chegar às vias de fato. O amor em Anna é bem inocente, juvenil. Anna e o beijo francês também explora o tema das amizades, ciúme, inveja, rixas de escola, maturidade e independência.
Outro aspecto com o qual eu me identifiquei demais foi a experiência de Anna vivendo num país estrangeiro, a dificuldade de adaptação à uma nova cultura e um novo idioma, que ela não dominava. O estranhamento da sua própria cultura depois que ela se acostuma com o jeito de viver francês e volta para a Georgia no Natal. Sentimentos tão intensos e contraditórios, tão comuns a quem vive fora do seu país.
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Fiz uma pesquisinha básica sobre a autora, que é bibliotecária também, vejam só! Adorei vasculhar o blog dela, onde ela comentou sobre como fez a pesquisa para escrever o livro (ela nunca foi a Paris!). Fiquei ainda mais inspirada pra continuar o meu livro, porque o dela também foi um processo longo. Ela já publicou outros dois livros da “série”. Não é como uma continuação do primeiro livros, mas são livros com tema semelhante, que explora as descobertas amorosas de adolescentes. Não sei se vou ler os outros. Talvez. Eu gosto de alternar livros mais complexos com livros mais leves.
Eu recomendo a leitura de Anna e o beijo francês. Pra todas vocês que sentem nostalgia daquele tempo gostoso, das confissões escritas em caderninhos, dos cochichos e risinhos com amigas, de sentir frio na barriga quando o gatinho da escola passava por perto. Esse livro vai te fazer sorrir ao reviver todos esses sentimentos.
PERKINS, S. Anna and the French kiss. New York: Dutton, 2010.
Goodreads | Stephanie Perkins